Os torcedores japoneses poderão vestir a camisa da Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo, mas a discriminação contra os estrangeiros não será erradicada facilmente no Japão.
No mesmo dia do jogo Brasil x Inglaterra, uma brasileira foi ao banco Hokureko, na cidade de Akasofu, com uma sacola cheia de moedas de 500 ienes.
Simone de Fátima Repullo Morente Nakamura queria trocar as moedas por notas de maior valor. Mas, ao invés de ser atendida, ela acabou sendo presa.
O caixa do banco simplesmente achou que ela tinha roubado o dinheiro de uma máquina de venda de bebidas.
"Só porque eu pareço estrangeira"
"Foi revoltante," afirmou Fátima, que vive no Japão há 13 anos.
"Eu sei que eles só me trataram dessa forma porque eu pareço estrangeira", disse ela.
A polícia japonesa nega qualquer possibilidade de racismo na denúncia do caixa do banco ou na decisão de enviar nada menos do que quatro carros com policiais para detê-la.
Mais de 250 mil brasileiros vivem no Japão
Mas Fátima não acredita neles e fez uma denúncia contra a polícia a uma organização de defesa dos direitos humanos.
Cerca de 250 mil brasileiros vivem no Japão - a terceira maior colônia estrangeira no país.
Um grande número de dekasseguis - brasileiros descendentes de japoneses - se mudou para o Japão desde 1990, quando o país mudou suas leis de imigração e passou a receber imigrantes.
Muitos deles foram vítimas de racismo.
Um relatório da ONU sobre discriminação no Japão descreve casos de donos de lojas que colocam avisos em suas vitrines avisando que brasileiros não podem entrar.
A jornalista Ana Bortz, por exemplo, está processando uma joalheria de Hamamatsu porque um dos funcionários a colocou para fora da loja depois de descobrir que ela era brasileira.
Quando quis saber porque estava sendo colocada para fora, o funcionário lhe mostrou um comunicado da polícia pedindo que os lojistas agissem para combater os assaltos.
Para ele, isso significava expulsar os estrangeiros da loja.
A jornalista brasileira Ana Bortz
Ana Bortz acredita que esse tipo de incidente acontece porque não existem iniciativas do governo e nem leis que coíbam a discriminação.
"Eu gostaria de acreditar que a minha ação poderá ajudar a mudar alguma coisa", disse ela.
"Mas os japoneses não gostam de discutir o racismo. É um tabu. Especialmente em relação aos coreanos," afirma ela.
Cerca de 700 mil coreanos vivem no Japão e costumam sofrer com a discriminação.
Copa do Mundo
Mas Ana Bortz acha que a Copa do Mundo pode ajudar um pouco as atitudes dos japoneses.
Na quarta-feira, logo depois da vitória do Brasil contra a Turquia, japoneses e brasileiros se reuniram num bar no centro de Tóquio para comemorar.
As pessoas fizeram um trenzinho no meio do salão, liderados por uma brasileira com uma grande bandeira nas mãos.
Vários japoneses a seguiram, vestidos com a camisa amarela da Seleção.
"É muito bonito ver os japoneses vestindo a camisa brasileira, beijando os outros e tentando aprender algumas palavras em português", diz Ana Bortz.
Ela acha que a Copa do Mundo colocou os dois grupos do mesmo lado pela primeira vez.
Algumas amizades estariam sendo formadas por conta da Copa, já que as duas comunidades - normalmente segregadas - estariam se encontrando no fim dos jogos, bebendo juntas e falando sobre futebol depois dos jogos.
"É uma coisa bonita de se ver", diz Ana Bortz.
"Temos que agradecer a Deus pela Copa do Mundo."
BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020629_japaoam.shtml
No mesmo dia do jogo Brasil x Inglaterra, uma brasileira foi ao banco Hokureko, na cidade de Akasofu, com uma sacola cheia de moedas de 500 ienes.
Simone de Fátima Repullo Morente Nakamura queria trocar as moedas por notas de maior valor. Mas, ao invés de ser atendida, ela acabou sendo presa.
O caixa do banco simplesmente achou que ela tinha roubado o dinheiro de uma máquina de venda de bebidas.
"Só porque eu pareço estrangeira"
"Foi revoltante," afirmou Fátima, que vive no Japão há 13 anos.
"Eu sei que eles só me trataram dessa forma porque eu pareço estrangeira", disse ela.
A polícia japonesa nega qualquer possibilidade de racismo na denúncia do caixa do banco ou na decisão de enviar nada menos do que quatro carros com policiais para detê-la.
Mais de 250 mil brasileiros vivem no Japão
Mas Fátima não acredita neles e fez uma denúncia contra a polícia a uma organização de defesa dos direitos humanos.
Cerca de 250 mil brasileiros vivem no Japão - a terceira maior colônia estrangeira no país.
Um grande número de dekasseguis - brasileiros descendentes de japoneses - se mudou para o Japão desde 1990, quando o país mudou suas leis de imigração e passou a receber imigrantes.
Muitos deles foram vítimas de racismo.
Um relatório da ONU sobre discriminação no Japão descreve casos de donos de lojas que colocam avisos em suas vitrines avisando que brasileiros não podem entrar.
A jornalista Ana Bortz, por exemplo, está processando uma joalheria de Hamamatsu porque um dos funcionários a colocou para fora da loja depois de descobrir que ela era brasileira.
Quando quis saber porque estava sendo colocada para fora, o funcionário lhe mostrou um comunicado da polícia pedindo que os lojistas agissem para combater os assaltos.
Para ele, isso significava expulsar os estrangeiros da loja.
A jornalista brasileira Ana Bortz
Ana Bortz acredita que esse tipo de incidente acontece porque não existem iniciativas do governo e nem leis que coíbam a discriminação.
"Eu gostaria de acreditar que a minha ação poderá ajudar a mudar alguma coisa", disse ela.
"Mas os japoneses não gostam de discutir o racismo. É um tabu. Especialmente em relação aos coreanos," afirma ela.
Cerca de 700 mil coreanos vivem no Japão e costumam sofrer com a discriminação.
Copa do Mundo
Mas Ana Bortz acha que a Copa do Mundo pode ajudar um pouco as atitudes dos japoneses.
Na quarta-feira, logo depois da vitória do Brasil contra a Turquia, japoneses e brasileiros se reuniram num bar no centro de Tóquio para comemorar.
As pessoas fizeram um trenzinho no meio do salão, liderados por uma brasileira com uma grande bandeira nas mãos.
Vários japoneses a seguiram, vestidos com a camisa amarela da Seleção.
"É muito bonito ver os japoneses vestindo a camisa brasileira, beijando os outros e tentando aprender algumas palavras em português", diz Ana Bortz.
Ela acha que a Copa do Mundo colocou os dois grupos do mesmo lado pela primeira vez.
Algumas amizades estariam sendo formadas por conta da Copa, já que as duas comunidades - normalmente segregadas - estariam se encontrando no fim dos jogos, bebendo juntas e falando sobre futebol depois dos jogos.
"É uma coisa bonita de se ver", diz Ana Bortz.
"Temos que agradecer a Deus pela Copa do Mundo."
BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020629_japaoam.shtml