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    PARA AQUELES QUE TOMAM OU ESTÃO PENSANDO EM TOMAR ASPIRINA CONTRA A GRIPE

    NIEROZUMIEN
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    Mensagem  NIEROZUMIEN Qua Out 14, 2009 1:23 pm

    Aspirina pode ter tido um papel na epidemia de gripe de 1918




    É provável que a epidemia de gripe de 1918 tenha sido a praga mais mortífera na história humana matando mais de 50 milhões de pessoas no mundo todo. Agora, parece que uma parte dessas mortes pode ter sido causada não pelo vírus, mas por uma droga usada em seu tratamento: aspirina.

    Karen M. Starko, autora de um dos primeiros artigos conectando o uso de aspirina com a síndrome de Reye, publicou um artigo sugerindo que a overdose da "droga maravilhosa" relativamente nova pode ter sido mortífera.
    O que gerou as suspeitas de Starko foi o uso de altas doses de aspirina para tratar a doença, em quantidades consideradas inseguras hoje. Além disso, os sintomas da overdose de aspirina podem ter sido difíceis de distinguir da gripe, especialmente entre os que morreram pouco depois de ficarem doentes.

    Alguns questionamentos foram levantados mesmo na época. Ao menos um patologista que trabalhava no Serviço de Saúde Pública pensou que a quantidade de dano pulmonar vista durante as autópsias nas primeiras mortes era pequena demais para atribuir à pneumonia viral e que as grandes quantidades de líquido sangrento e aguado nos pulmões podem ter sido a causa.

    Starko admitiu que não tinha relatórios de autópsia ou outros documentos que pudessem comprovar que a aspirina foi o problema. "Havia muito caos nesses lugares", disse ela, "E não tenho certeza de que existam registros confiáveis em alguma parte".

    Contudo, dos muitos fatores que podem ter influenciado os resultados, escreveu Starko, a overdose de aspirina sobressai-se por varias razões, inclusive uma confluência de eventos históricos.

    Em fevereiro de 1917, a Bayer perdeu a patente americana sobre a aspirina, abrindo um mercado lucrativo para muitos fabricantes. A Bayer contra-atacou com propaganda copiosa, celebrando a pureza da marca enquanto a epidemia atingia seu pico.

    Os pacotes de aspirina eram produzidos sem advertências sobre toxidez e com poucas instruções de uso. No outono de 1918, enfrentando uma epidemia sem cura conhecida, a principal autoridade da saúde e a Marinha americana recomendaram a aspirina como tratamento sintomático e os militares compraram grandes quantidades da droga.

    A revista "Journal of the American Medical Association" sugeriu uma dose de 1.000 mg a cada três horas, o equivalente a quase 25 comprimidos de 325 mg padrão em 24 horas. Isso é quase o dobro da dosagem diária considerada segura hoje.

    O artigo de Starko, publicado na edição do dia 1º de novembro da "Clinical Infectious Diseases", gerou interesse, se não um endosso entusiástico, entre outros especialistas.

    "Acredito que o artigo é criativo e faz boas perguntas. Porém, não sabemos quantas pessoas de fato tomaram as doses de aspirina discutidas no artigo", disse John M. Barry autor de um livro sobre a gripe de 1918 chamado "The Great Influenza" (a grande influenza).

    A farmacologia da aspirina é complexa e não foi completamente compreendida até os anos 60, mas a dosagem é crucial. Dobrar a dose dada em intervalos de seis horas pode causar um aumento de 400% na quantidade de remédio que permanece no sangue. Mesmo doses diárias bastante reduzidas -de seis a nove comprimidos por dia por vários dias- pode levar a níveis perigosamente altos da droga no sangue em algumas pessoas.

    Peter A. Chyka, professor de farmácia da Universidade de Tennessee, disse que julgou a teoria de Starko "intrigante". Pouco se sabia sobre doses seguras na época, disse ele, e os médicos muitas vezes simplesmente elevavam a quantidade até verem os sinais de toxicidade.

    "No contexto do que sabemos hoje sobre a aspirina e similares, Starko fez um esforço interessante de juntar as peças", disse Chyka. "Há coisas que podem complicar uma doença como essa."

    Apesar de duvidar que um número considerável de mortes pudesse ser atribuído à overdose de aspirina, David M. Morens, epidemiologista dos Institutos Nacionais de Saúde, disse que o artigo era valioso, pois "faz uma tentativa de olhar para fatores ambientais e sociais que podem estar envolvidos", disse ele. "Não fomos capazes de explicar todas as mortes em jovens adultos com o próprio vírus."

    Starko hesitou em estimar quantas mortes por overdose de aspirina podem ter sido causadas, mas sugeriu que os arquivos militares podem ser um local para se procurar. "Espero que haja outros (estudos), examinando os registros de tratamento disponíveis", disse ela.


    http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/10/13/ult574u9741.jhtm

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