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    Crise faz o Japão rever sua política de imigração

    Mishima
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    Crise faz o Japão rever sua política de imigração Empty Crise faz o Japão rever sua política de imigração

    Mensagem  Mishima Seg Ago 02, 2010 9:24 am


    Na cidade industrial de Kawasaki, o samba que invadia as ruas em meados de julho convidava a uma certa alegria. Mas esse ritmo embriagante não conseguiria fazer esquecer que a comunidade brasileira no Japão, a terceira maior atrás dos chineses e dos coreanos, sofreu muito com a crise que começou no outono de 2008. Ainda que a queda de 1,4%, para 2,2 milhões, do número de imigrantes em 2009 – o primeiro recuo desde 1961 – se deva muito ao repatriamento de expatriados enviados por grandes empresas, ela é sobretudo ligada à partida dos cidadãos brasileiros. Em um ano, seu número recuou 14,4%, para 267.456.

    Constituída principalmente por trabalhadores pouco qualificados e suas famílias, a população brasileira do Japão se concentra nas grandes cidades industriais: 54% trabalham em fábricas, (diante de 38,9% dos imigrantes em geral), geralmente em condições muito precárias.

    A maior parte é de nikkeis, descendentes de japoneses que imigraram para a América do Sul a partir de 1908. Eles vieram ao Japão aproveitando a revisão, em 1989, da lei sobre a imigração, que lhes permitia terem vistos de trabalho mesmo na ausência de qualificações especiais. A medida visava compensar a queda na população ativa, que começou nos anos 1980 no Japão. Menos de 4 mil antes de 1990, os nikkeis eram mais de 310 mil no fim de 2007. Sua integração foi por vezes difícil, especialmente nos anos 1990, pontuados por problemas sociais.

    Logo no início da crise do outono de 2008, as indústrias dispensaram essa mão de obra como prioridade. O índice de desemprego da comunidade teria atingido 40%, contra 5% antes da crise. O afluxo desses novos desempregados, sem qualificação e que mal falam o japonês, provocou um certo pânico nos centros Hello Work de busca de empregos. O governo chegou a criar um programa de ajuda financeira para o retorno. Cerca de 11.300 nikkeis já teriam se beneficiado dele.

    Hoje, a situação parece estabilizada. Em Hamamatsu, cidade da província de Shizuoka que abriga fábricas da Suzuki e da Yamaha, a HICE, fundação local encarregada do comércio internacional, assinala que “seu índice de desemprego voltou aos níveis tradicionais”. O órgão observa, no entanto, que “os brasileiros eram 14.655 em junho, diante de mais de 20 mil dezoito meses atrás”.

    Cerca de 5 mil deles foram embora e, obviamente, ainda não se sente a necessidade de substituí-los. O plano quinquenal de controle da imigração, publicado em março, chega a fazer uma reflexão sobre as condições de concessão de vistos aos nikkeis. “A crise fez com que nos conscientizássemos de quanto custa o fato de aceitar trabalhadores estrangeiros, de um ponto de vista econômico e social”, reagiu Masahiko Yamada, ministro do Trabalho. Ela reavivou o debate sobre a imigração, sendo que a população ativa poderá cair para 55,8 milhões de pessoas em 2030, ante 66,6 milhões em 2006. Um declínio próprio a acentuar os desequiíbrios das contas sociais já deficitárias, que ameaça o desenvolvimento econômico do país.

    Em dez anos, o número de imigrantes aumentou 40,5%, mas eles só representam 1,71% da população total. Nada indica que irão aumentar sensivelmente. O objetivo da política japonesa continua sendo atrair pessoas altamente qualificadas e estudantes – de preferência asiáticos, para favorecer o comércio com uma zona em pleno crescimento – até mesmo para fazer cursos de especialização nas universidades.

    A imigração deve compensar necessidades reais e indentificadas pelas autoridades. Os Acordos de Parceria Econômica fechados antes da crise com as Filipinas e a Indonésia são exemplo disso. Eles preveem a chegada a cada ano de dezenas de auxiliares de enfermagem desses países para compensar a falta de funcionários nos hospitais. Havia urgência, mas a chegada deles já está sendo questionada: a crise faz com que os japoneses se voltem para essa profissão, que o governo tem se esforçado para valorizar.

    Tudo isso mostra que , antes de trazer estrangeiros, é preciso, como confirma a nova estratégia de crescimento finalizada em junho, “encorajar as pessoas que têm capacidades não exploradas, como os jovens as mulheres e os idosos, a entrarem no mercado de trabalho”. Para Yamada, a adoção de medidas adequadas nesse sentido deve “estabilizar a população ativa para os próximos dez anos”.

    O apoio público para a pesquisa em robótica parece ser também um meio de evitar que se recorra aos trabalhadores de fora.

    De forma mais geral, os debates mostram que o Japão continua reticente em abrir suas fronteiras, e não somente por razões econômicas. A imagem do estrangeiro continua negativa em um país que se vê como homogêneo etnicamente. E a base da política de imigração continua sendo a criação de um “consenso público” a respeito da influência da instalação de estrangeiros “sobre o mercado de trabalho, mas também sobre a previdência social, a educação, a comunidade ou ainda a segurança”.

    http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2010/08/02/crise-faz-o-japao-rever-sua-politica-de-imigracao.jhtm

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