Sem direito a voto, a comunidade brasileira no Japão vê com desinteresse a campanha eleitoral, segundo o professor de Sociologia Angelo Ishi, 42, há 19 anos no Japão e neto de japoneses.
Conselheiro da recém-criada associação Network Nacional Brasileiros no Japão e doutor pela Universidade de Tóquio, é autor de pós-graduação sobre o fenômeno dos decasséguis (descendentes de japoneses que imigraram à terra dos ancestrais nas últimas décadas).
Ishi diz que os decasséguis ainda estão de fora do debate eleitoral. Apesar de 50 mil brasileiros terem deixado o país por conta da crise, ele diz que 100 mil poderiam ter direito a voto se a legislação desse o direito a quem tem visto permanente.
Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha. (RJL)
SEM VOTO
Não temos direito a voto e isso sempre está na pauta do debate. Já houve movimentos para permitir a estrangeiros com visto permanente o direito ao voto em eleições para prefeitos e vereadores. Isso daria voto a 100 mil brasileiros. Há gente esperançosa com a vitória da oposição, pois os democratas são mais simpáticos aos imigrantes, mas ninguém no Japão espera uma virada radical.
POLÍTICA DISTANTE
O desinteresse pela campanha eleitoral é bem grande na comunidade. Eu diria que o desinteresse é pela política com P maiúsculo, desinteresse por reivindicações como imigrante, como estrangeiro, como trabalhador ou como cidadão. Por não votar, sentem-se distantes da política japonesa. E por morar tão longe do Brasil, a política brasileira fica ao longe.
DESINTERESSE
Participei de um debate na TV. Falei sobre os decasséguis. Havia políticos conservadores e democratas, e ambos os lados não davam a mínima. Houve ilusão de que o premiê Aso, por ter morado no Brasil, teria mais simpatia pelos decasséguis, mas não vi nada mudar na política.
NACIONALIDADE
Para votar no Japão, o brasileiro deve pedir a naturalização e abrir mão da nacionalidade brasileira. No Brasil, você pode conservar as duas nacionalidades. O que acontece é que quem se naturaliza acaba não contando para ninguém para manter um pé em cada país.
APATIA JUVENIL
Tenho centenas de alunos na universidade, jovens japoneses com direito a voto, que aqui só é permitido aos 20 anos de idade. A maioria diz que nem vai votar. Ouço aquela ladainha, também comum no Brasil, de que político é tudo igual. O pior é que têm certa razão, já que os líderes do PDJ são ex-PDL.
VÁ E NÃO VOLTE
A repercussão internacional do projeto de se pagar o retorno dos imigrantes desempregados, desde que não voltassem mais, foi bem negativa. O governo recuou, e agora quem aceitar a viagem de volta patrocinada pode retornar ao Japão três anos depois. Mas muita gente já havia voltado ao Brasil antes da política. Cerca de 50 mil voltaram. Mas somos 250 mil.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200911.htm
ECONOMIA: TAXA DE DESEMPREGO NO PAÍS É A MAIOR EM AO MENOS 56 ANOS
A taxa ficou em 5,7% em julho, ante 5,4% no mês anterior, com a segunda maior economia mundial ainda dando sinais de fraqueza. O país também registrou deflação recorde, de 2,2% em julho -em junho, os preços já haviam caído 1,7%-, em um indicador de demanda em queda. O PIB do Japão cresceu no segundo trimestre, mas o setor exportador, um dos seus principais motores, ainda enfrenta problemas
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200912.htm
"FRACASSAMOS": PREMIÊ DIZ QUE NÃO SOUBE DAR UMA MENSAGEM CLARA
Taro Aso admitiu ontem que há muito descontentamento popular em um comício na cidade de Osaka. "As críticas estão se avolumando contra o governo. Acho que fracassamos em explicar as virtudes do conservadorismo", discursou. "Não soubemos dar uma mensagem clara nos últimos anos." Desde 2005, três premiês se alternaram no poder sem frear a queda da popularidade do Partido Liberal Democrata.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200913.htm
Conselheiro da recém-criada associação Network Nacional Brasileiros no Japão e doutor pela Universidade de Tóquio, é autor de pós-graduação sobre o fenômeno dos decasséguis (descendentes de japoneses que imigraram à terra dos ancestrais nas últimas décadas).
Ishi diz que os decasséguis ainda estão de fora do debate eleitoral. Apesar de 50 mil brasileiros terem deixado o país por conta da crise, ele diz que 100 mil poderiam ter direito a voto se a legislação desse o direito a quem tem visto permanente.
Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha. (RJL)
SEM VOTO
Não temos direito a voto e isso sempre está na pauta do debate. Já houve movimentos para permitir a estrangeiros com visto permanente o direito ao voto em eleições para prefeitos e vereadores. Isso daria voto a 100 mil brasileiros. Há gente esperançosa com a vitória da oposição, pois os democratas são mais simpáticos aos imigrantes, mas ninguém no Japão espera uma virada radical.
POLÍTICA DISTANTE
O desinteresse pela campanha eleitoral é bem grande na comunidade. Eu diria que o desinteresse é pela política com P maiúsculo, desinteresse por reivindicações como imigrante, como estrangeiro, como trabalhador ou como cidadão. Por não votar, sentem-se distantes da política japonesa. E por morar tão longe do Brasil, a política brasileira fica ao longe.
DESINTERESSE
Participei de um debate na TV. Falei sobre os decasséguis. Havia políticos conservadores e democratas, e ambos os lados não davam a mínima. Houve ilusão de que o premiê Aso, por ter morado no Brasil, teria mais simpatia pelos decasséguis, mas não vi nada mudar na política.
NACIONALIDADE
Para votar no Japão, o brasileiro deve pedir a naturalização e abrir mão da nacionalidade brasileira. No Brasil, você pode conservar as duas nacionalidades. O que acontece é que quem se naturaliza acaba não contando para ninguém para manter um pé em cada país.
APATIA JUVENIL
Tenho centenas de alunos na universidade, jovens japoneses com direito a voto, que aqui só é permitido aos 20 anos de idade. A maioria diz que nem vai votar. Ouço aquela ladainha, também comum no Brasil, de que político é tudo igual. O pior é que têm certa razão, já que os líderes do PDJ são ex-PDL.
VÁ E NÃO VOLTE
A repercussão internacional do projeto de se pagar o retorno dos imigrantes desempregados, desde que não voltassem mais, foi bem negativa. O governo recuou, e agora quem aceitar a viagem de volta patrocinada pode retornar ao Japão três anos depois. Mas muita gente já havia voltado ao Brasil antes da política. Cerca de 50 mil voltaram. Mas somos 250 mil.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200911.htm
ECONOMIA: TAXA DE DESEMPREGO NO PAÍS É A MAIOR EM AO MENOS 56 ANOS
A taxa ficou em 5,7% em julho, ante 5,4% no mês anterior, com a segunda maior economia mundial ainda dando sinais de fraqueza. O país também registrou deflação recorde, de 2,2% em julho -em junho, os preços já haviam caído 1,7%-, em um indicador de demanda em queda. O PIB do Japão cresceu no segundo trimestre, mas o setor exportador, um dos seus principais motores, ainda enfrenta problemas
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200912.htm
"FRACASSAMOS": PREMIÊ DIZ QUE NÃO SOUBE DAR UMA MENSAGEM CLARA
Taro Aso admitiu ontem que há muito descontentamento popular em um comício na cidade de Osaka. "As críticas estão se avolumando contra o governo. Acho que fracassamos em explicar as virtudes do conservadorismo", discursou. "Não soubemos dar uma mensagem clara nos últimos anos." Desde 2005, três premiês se alternaram no poder sem frear a queda da popularidade do Partido Liberal Democrata.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2808200913.htm