Artigo no jornal O Estado
A lei antifumo de José Serra, como não podia deixar de ser, parece destinada a cobrir o Brasil inteiro. A cada semana surgem projetos semelhantes em assembléias dos quatro cantos do país. Em efeito dominó, os governantes decidem que os governados devem tomar uma atitude cidadã e apagar o cigarro em bares, restaurantes, casas de shows, boates etc. – os chamados ambientes fechados de uso coletivo. Não pode haver nem mesmo fumódromos nesses recintos. O fumante é um cidadão de segunda classe.
O argumento que move a tropa antifumo é aquele bem conhecido: o Estado tem a obrigação de garantir o bem-estar do povo. Os não-fumantes alegam que não ser incomodado por cigarros alheios constitui um direito, e, portanto, o Estado deve intervir. É uma palavrinha mágica dos nossos dias, "direito": a cada dia aparece um direito novo e indispensável para excitar as glândulas salivares de homens e mulheres seduzidos pela demagogia estatizante. As medidas coercitivas devem ser estendidas ao uso de automóveis? Nada produz tanta fumaça quanto o nosso trânsito diário. Tendo em vista que é para garantir a saúde do povo, o governo poderia regular a quantidade de veículos nas vias públicas. Não respirar fumaça de carro é um direito de todos.
Manjado também é o recurso usado para incutir nos cidadãos o mandamento antifumo: basta arrotar incessantemente mil e uma estatísticas, melhor ainda se vindas do estrangeiro. Os mais idiotas cedem rapidinho. Os outros idiotas vão junto pelo instinto de imitação. Por isso a campanha publicitária dos planejadores sociais é recheada de "consenso" científico: a maioria sempre quer pertencer ao clube dos esclarecidos. Esse tipo de apelo tem resposta quase imediata entre os bois.
A tática é resumida na declaração de Paula Johns, diretora da Aliança de Controle do Tabagismo. Sinta o drama: "Não há justificativas sensatas para esses locais onde o fumo é permitido. A ciência já demonstrou os riscos do fumo passivo e a população em sua grande maioria apóia a idéia".
Viu? Está provado cientificamente. Não há justificativas sensatas e ponto final. A população em sua grande maioria é o árbitro supremo. Não há outro argumento que não o aplauso da multidão. Dê o poder a essa moça e ela instaura uma ditadura com a melhor das intenções.
A grande maioria nunca guardou a chave da razão. A grande maioria freqüentemente faz grandes defecadas. A grande maioria pode pensar o que quiser, mas leis antifumo, anticoxinha, anti-refrigerante e anti-sei lá mais quantas substâncias consideradas nocivas continuam sendo violações das liberdades individuais pelo Estado. A rotina no Brasil. Regular é a própria razão de viver da burocracia. É assim desde que o primeiro português taxou a primeira pedra que viu ao desembarcar e sempre será. O que espanta (deveria espantar) é a subserviência dos brasileiros que aprovam decretos desse tipo, o automatismo com que obedecem ao palavreado asséptico de políticos bonzinhos e apresentadores de TV sorridentes. Essas pessoas trocam a liberdade por um afago midiático. Avançam pelo caminho da servidão achando a paisagem linda.
Segundo preceitos esdrúxulos de sociedades atrasadas, quem decide sobre o fumo no interior de estabelecimentos comerciais não é o governo, é o proprietário. E quem aprova ou não a presença de fumantes e fumódromos é o cliente. Supõe-se ingenuamente que o cliente seja uma pessoa adulta capaz de tomar decisões e arcar com as conseqüências. Aqui o Estado decide por nós, porque somos retardados. Em compensação, estamos em sintonia com as mais modernas deliberações da ONU.
http://brunopontes.blogspot.com/
A lei antifumo de José Serra, como não podia deixar de ser, parece destinada a cobrir o Brasil inteiro. A cada semana surgem projetos semelhantes em assembléias dos quatro cantos do país. Em efeito dominó, os governantes decidem que os governados devem tomar uma atitude cidadã e apagar o cigarro em bares, restaurantes, casas de shows, boates etc. – os chamados ambientes fechados de uso coletivo. Não pode haver nem mesmo fumódromos nesses recintos. O fumante é um cidadão de segunda classe.
O argumento que move a tropa antifumo é aquele bem conhecido: o Estado tem a obrigação de garantir o bem-estar do povo. Os não-fumantes alegam que não ser incomodado por cigarros alheios constitui um direito, e, portanto, o Estado deve intervir. É uma palavrinha mágica dos nossos dias, "direito": a cada dia aparece um direito novo e indispensável para excitar as glândulas salivares de homens e mulheres seduzidos pela demagogia estatizante. As medidas coercitivas devem ser estendidas ao uso de automóveis? Nada produz tanta fumaça quanto o nosso trânsito diário. Tendo em vista que é para garantir a saúde do povo, o governo poderia regular a quantidade de veículos nas vias públicas. Não respirar fumaça de carro é um direito de todos.
Manjado também é o recurso usado para incutir nos cidadãos o mandamento antifumo: basta arrotar incessantemente mil e uma estatísticas, melhor ainda se vindas do estrangeiro. Os mais idiotas cedem rapidinho. Os outros idiotas vão junto pelo instinto de imitação. Por isso a campanha publicitária dos planejadores sociais é recheada de "consenso" científico: a maioria sempre quer pertencer ao clube dos esclarecidos. Esse tipo de apelo tem resposta quase imediata entre os bois.
A tática é resumida na declaração de Paula Johns, diretora da Aliança de Controle do Tabagismo. Sinta o drama: "Não há justificativas sensatas para esses locais onde o fumo é permitido. A ciência já demonstrou os riscos do fumo passivo e a população em sua grande maioria apóia a idéia".
Viu? Está provado cientificamente. Não há justificativas sensatas e ponto final. A população em sua grande maioria é o árbitro supremo. Não há outro argumento que não o aplauso da multidão. Dê o poder a essa moça e ela instaura uma ditadura com a melhor das intenções.
A grande maioria nunca guardou a chave da razão. A grande maioria freqüentemente faz grandes defecadas. A grande maioria pode pensar o que quiser, mas leis antifumo, anticoxinha, anti-refrigerante e anti-sei lá mais quantas substâncias consideradas nocivas continuam sendo violações das liberdades individuais pelo Estado. A rotina no Brasil. Regular é a própria razão de viver da burocracia. É assim desde que o primeiro português taxou a primeira pedra que viu ao desembarcar e sempre será. O que espanta (deveria espantar) é a subserviência dos brasileiros que aprovam decretos desse tipo, o automatismo com que obedecem ao palavreado asséptico de políticos bonzinhos e apresentadores de TV sorridentes. Essas pessoas trocam a liberdade por um afago midiático. Avançam pelo caminho da servidão achando a paisagem linda.
Segundo preceitos esdrúxulos de sociedades atrasadas, quem decide sobre o fumo no interior de estabelecimentos comerciais não é o governo, é o proprietário. E quem aprova ou não a presença de fumantes e fumódromos é o cliente. Supõe-se ingenuamente que o cliente seja uma pessoa adulta capaz de tomar decisões e arcar com as conseqüências. Aqui o Estado decide por nós, porque somos retardados. Em compensação, estamos em sintonia com as mais modernas deliberações da ONU.
http://brunopontes.blogspot.com/