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    Compra de votos pelo Japão é maior rumor da reunião da Comissão Baleeira

    Mishima
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    Compra de votos pelo Japão é maior rumor da reunião da Comissão Baleeira Empty Compra de votos pelo Japão é maior rumor da reunião da Comissão Baleeira

    Mensagem  Mishima Qua Jun 23, 2010 7:44 pm

    Compra de votos pelo Japão é maior rumor da reunião da Comissão Baleeira

    Para países que criticam a caça, matéria de jornal britânico foi prova da influência japonesa na IWC

    As acusações de que o Japão estaria usando fundos de ajuda financeira internacional e favores pessoais para comprar votos na Comissão Internacional da Baleia (IWC, na sigla em inglês) sempre circularam. Mas, na semana passada, uma matéria do jornal britânico Sunday Times desmascarou o esquema e trouxe-o à tona, com uso de câmera escondida e disfarces.

    Para os principais críticos da caça às baleias, a matéria do Sunday Times foi uma prova da influência do país na comissão, que esta semana discute uma proposta de estabelcer quotas limitadas de caça para os três países caçadores, Japão, Noruega e Islândia, por um período de dez anos.

    "A compra de votos é o segredinho sujo de Japão", disse o ambientalista Patrick Ramage, que tem participado das conferências nos últimos 15 anos. Enquanto as nações poderosas tentam dominar as influências, "o esforço contínuo todos os anos do Japão é realmente único", ele disse.

    O Japão nega que tenha feito algo de errado e diz que as acusações de compra de voto têm a intenção de "depreciar" a posição japonesa na IWC. "É política nacional para apoiar países em desenvolvimento", diz HIdeki MOronuki, do MInistério da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão. "Você acha que este tipo de assistência ao desenvolvimento é uma tentativa de suborno? Eu acho que não."

    O Japão continua insistindo que a caça é feita para adquirir conhecimento científico avançado sobre as baleias, criaturas cujas características continuam misteriosas. Mas boa parte dos animais abatidos acabam sendo vendidos como carne nobre e não como espécimes de laboratório. E os japoneses dizem que continuar a caçar é uma questão de "orgulho nacional".

    O governo japonês investe em pesca, portos, escolas e contribui para os orçamentos em desenvolvimento de mais de 20 países que consistentemente votam nos interesses do Japão na IWC e estão propensos a apoiar qualquer posição que o país adote.

    Uma conta de hotel de US$ 6 mil para o principal representante marroquino na comissão, Anthony Liverpool, foi paga com um cartão de crédito pertencente à empresa Japan Tours and Travel, localizada no Texas, nos Estados Unidos. Liverpool é diplomata pelas ilhas Antigua e Barbuda e é embaixador pelo Japão. Quando questionado sobre aceitar dinheiro do Japão, Liverpool disse que não havia "nada de muito estranho com relação a isso".

    A Comissão Baleeira foi criada após a Segunda Guerra Mundial para conservar as baleias. Dezenas de milhares de animais eram mortos todos os anos até a comissão adotar a moratória. Hoje Japão, Noruega e Islândia caçam cerca de 1,5 mil baleias por ano. O Japão alega que se trata de pesquisa científica.

    As influências na IWC remontam de várias décadas. A então delegada dinamarquesa Birgit Sloth lembra de ter visto o negociador chefe das nações caribenhas pagar seus gastos na comissão no começo dos anos 80 com um cheque na moeda japonesa. "Na época ninguém prestava muita atenção. Hoje é feito de uma maneira bem mais escondida", disse.

    Leslie Busby, que trabalhava para a Fundação do Terceiro MIlênio na Itália, fez uma compilação de 95 páginas em 2007 sobre a 'operação japonesa de consolidação de votos'. Ela disse que 28 países foram recrutados para a IWC por causa da ajuda japonesa - inclusive uma nação africana sem litoral, o Mali -, o que acabou levando às opiniões divididas entre prós e contras dos países membros da comissão. Busby afirmou que as nações que recebiam ajuda financeira votavam pelo Japão. "Isso faz tudo ficar sem sentido. Não há por que debater esses assuntos porque as posições estão pré-determinadas", disse.
    No seu relatório, Busby reproduz uma carta de 2002 de um funcionário do governo da ilha Grenada perguntando a um antigo ministro da agricultura o que tinha acontecido com os fundos pagos pelo Japão em 1998 e 1999.

    Poucos dos países que apóiam os três países caçadores têm tradições de caça de baleia. E o Japão também tem o suporte de países como as nações africanas, que nunca tiveram interesse em caça às baleias. "O Japão está fazendo várias coisas no leste da África. Em troca, pede que os países deem apoio nas reuniões da IWC", afirmou Mamdou Diallo, um ex-pesquisador científico do governo do Senegal, que hoje trabalha para a ONG WWF. "É uma transação, uma compra: 'se eu te der isso, você me dá aquilo'... Sim, podemos dizer que é suborno, porque normalmente nossos países não são a favor da caça."

    Haveria ainda outros países que fazem pressão na votação. "Mas o Japão é o mais escandaloso e tem muitos vínculos de voto, diz Sue Miller Taei, do Programa das Ilhas do Pacífico, localizado em Samoa. "Eu vi diretamente o Japão ameaçar as ilhas do Pacífico", disse, lembrando da ocasião em que um delegado japonês convenceu delegados relutantes das ilhas a votar na IWC. "Por muito tempo aqueles delegados não conseguiam nem mesmo olhar nos meus olhos."

    http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,compra-de-votos-pelo-japao-e-maior-rumor-da-reuniao-da-comissao-baleeira,570482,0.htm

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