O governo dos Estados Unidos afirmou nesta segunda-feira que não vai renegociar com o novo governo do Japão o acordo sobre a base militar de Futenma e o remanejamento das tropas americanas da cidade japonesa de Okinawa para a ilha americana de Guam, no Oceano Pacífico. O grupo político que venceu as eleições deste fim de semana no Japão prometeu tratar de maneira diferente a questão das forças americanas em seu território e se distanciar da política externa dos EUA.
"Os Estados Unidos não têm intenção de renegociar o plano de substituição das instalações de Futenma ou a recolocação [das tropas] com o novo governo do Japão", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly, em sua entrevista coletiva diária.
A imprensa americana tem especulado com a possibilidade de que o futuro primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, peça a reabertura das conversas com os EUA sobre as bases militares desse país no Japão.
Em julho, ficou definido que Tóquio pagará este ano a Washington US$ 336 milhões para a transferência de 8.000 militares da Marinha americana de Okinawa para Guam --um território americano no Pacífico-- além da mudança de outros 4.000 do sul da ilha japonesa para a região norte, menos populosa.
Antes, em fevereiro, ambos os países assinaram no Japão um acordo que estabelece que Tóquio pagará US$ 6,09 bilhões aos EUA para remanejar as tropas americanas.
Os americanos, que ocuparam o Japão após o encerramento da Segunda Guerra, mantêm 47 mil soldados no país. O antecessor de Hatoyama à frente do PDJ (Partido Democrático do Japão), Ichiro Ozawa, foi criticado quando disse no início deste ano que a maioria das tropas não era necessária. Mas o manifesto eleitoral do partido não faz qualquer menção a um profundo corte no número de soldados, oferecendo, em vez disso, propostas de alteração no acordo que permite a manutenção de tropas americanas no país e uma avaliação para que seja repensada a reorganização planejada pelos EUA.
O convênio estipulado entre os dois países fixa em um documento de 2006 uma espécie de Mapa de Caminho para a mudança dos militares e suas famílias para Guam. A transferência das tropas para a ilha americana custará mais de US$ 10 bilhões e deve terminar apenas em 2014.
Mas alguns ativistas japoneses --apoiados pelo partido de Hatoyama quando estava na oposição-- querem que os Estados Unidos se retirem completamente de Okinawa, palco de uma das mais sangrentas batalhas entre americanos e japoneses na Segunda Guerra (1939-1945), e onde muitos habitantes reclamam da presença das tropas estrangeiras, a quem, atribuem crimes, barulho e poluição.
A esperada maior autonomia de um governo Hatoyama deve afetar também o esforço de guerra americano no Afeganistão. O futuro primeiro-ministro já disse que não irá renovar o mandato de navios japoneses em uma missão de reabastecimento no oceano Índico em apoio à operação ocidental no Afeganistão. O mandato legal para a missão, que recebeu a oposição do PDJ no Parlamento, expira em janeiro de 2010.
Ozawa chegou a mencionar a opção de enviar tropas para o Afeganistão, sob mandato das Nações Unidas, mas a ideia de colocar a vida dos soldados em risco dificilmente obteria apoio popular. Nenhum soldado japonês morreu em ação desde a Segunda Guerra.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u617630.shtml
"Os Estados Unidos não têm intenção de renegociar o plano de substituição das instalações de Futenma ou a recolocação [das tropas] com o novo governo do Japão", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly, em sua entrevista coletiva diária.
A imprensa americana tem especulado com a possibilidade de que o futuro primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, peça a reabertura das conversas com os EUA sobre as bases militares desse país no Japão.
Em julho, ficou definido que Tóquio pagará este ano a Washington US$ 336 milhões para a transferência de 8.000 militares da Marinha americana de Okinawa para Guam --um território americano no Pacífico-- além da mudança de outros 4.000 do sul da ilha japonesa para a região norte, menos populosa.
Antes, em fevereiro, ambos os países assinaram no Japão um acordo que estabelece que Tóquio pagará US$ 6,09 bilhões aos EUA para remanejar as tropas americanas.
Os americanos, que ocuparam o Japão após o encerramento da Segunda Guerra, mantêm 47 mil soldados no país. O antecessor de Hatoyama à frente do PDJ (Partido Democrático do Japão), Ichiro Ozawa, foi criticado quando disse no início deste ano que a maioria das tropas não era necessária. Mas o manifesto eleitoral do partido não faz qualquer menção a um profundo corte no número de soldados, oferecendo, em vez disso, propostas de alteração no acordo que permite a manutenção de tropas americanas no país e uma avaliação para que seja repensada a reorganização planejada pelos EUA.
O convênio estipulado entre os dois países fixa em um documento de 2006 uma espécie de Mapa de Caminho para a mudança dos militares e suas famílias para Guam. A transferência das tropas para a ilha americana custará mais de US$ 10 bilhões e deve terminar apenas em 2014.
Mas alguns ativistas japoneses --apoiados pelo partido de Hatoyama quando estava na oposição-- querem que os Estados Unidos se retirem completamente de Okinawa, palco de uma das mais sangrentas batalhas entre americanos e japoneses na Segunda Guerra (1939-1945), e onde muitos habitantes reclamam da presença das tropas estrangeiras, a quem, atribuem crimes, barulho e poluição.
A esperada maior autonomia de um governo Hatoyama deve afetar também o esforço de guerra americano no Afeganistão. O futuro primeiro-ministro já disse que não irá renovar o mandato de navios japoneses em uma missão de reabastecimento no oceano Índico em apoio à operação ocidental no Afeganistão. O mandato legal para a missão, que recebeu a oposição do PDJ no Parlamento, expira em janeiro de 2010.
Ozawa chegou a mencionar a opção de enviar tropas para o Afeganistão, sob mandato das Nações Unidas, mas a ideia de colocar a vida dos soldados em risco dificilmente obteria apoio popular. Nenhum soldado japonês morreu em ação desde a Segunda Guerra.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u617630.shtml